Sonar - A Escuta das Redes
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Sonar - A Escuta das Redes

Um mergulho nas redes sociais para jogar luz sobre a política na internet.

Informações da coluna

Por Luísa Marzullo — Rio

Com baixo engajamento nas redes, o pré-candidato a deputado federal Chiquinho Assis (Republicanos-MS) lidera a arrecadação nas vaquinhas virtuais da pré-campanha, deixando pessoas públicas como o ex-coordenador da Lava-Jato Deltan Dallagnol (Podemos) e o deputado Kim Kataguiri (União-SP) para trás. Fiscal Tributário na Secretaria de Fazenda do Mato Grosso do Sul e presidente do Sindicato dos Fiscais Tributários do estado (Sindifiscal/MS), Assis nunca concorreu a um cargo público.

Levantamento feito pelo GLOBO aponta que 71% dos R$287.020 arrecadados até a noite desta quinta-feira foram doados por colegas de trabalho de Chiquinho. Dos 209 nomes mapeados, 180 são fiscais tributários lotados na Secretaria de Fazenda do Mato Grosso do Sul, 23 vinculados ao sindicato que ele preside e quatro atuam na Coordenadoria de Fiscalização de Mercadorias em Trânsito (Cofimt). Um dos doadores é investigado pela Justiça Federal por suspeita de desviar R$ 6,5 milhões em recursos federais que eram destinados ao desenvolvimento da agricultura familiar no estado.

Com quase R$70 mil a menos, o segundo colocado no ranking das vaquinhas, o ex-procurador da República Deltan Dallagnol arrecadou R$218.367 — quantia que contou com a contribuição de 2.275 apoiadores. Além da diferença no número de contribuintes, no caso de Assis também chama atenção o fato de a menor doação ser de R$100 — o mínimo permitido é R$ 10—, feita por um fiscal tributário que deu ao todo R$2 mil. Assis também não exibe o valor que já foi arrecadado na página de início como os demais pré-candidatos. Procurado pelo GLOBO, ele não respondeu.

Dos 209 nomes mapeados pelo GLOBO, a média de doação para Assis ficou em R$ 980. A menor contribuição total foi de R$200, valor dado por cinco pessoas, e a maior, R$ 3.012. Vale lembrar que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) institui o limite diário de R$ 1.064,10 por CPF como forma de prevenir fraudes, mas não há objeção em fazer múltiplas doações, desde que sejam em dias diferentes.

Chiquinho Assis se apresenta como um "novo bom profissional na política", mas pouco diz sobre o que pretende fazer em seu primeiro mandato, caso seja eleito. Na descrição da vaquinha, o pré-candidato do Republicanos se diz "comprometido com a excelência na gestão pública e com políticas de menos impostos e mais empregos". A sua trajetória profissional e o lado pai de família são os destaques.

Outros que aderiram ao financiamento coletivo

Além do campeão das vaquinhas, pré-candidatos como Guilherme Boulos (PSOL), que pretende disputar para deputado federal em São Paulo, e o vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos-RS), pré-candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul, são alguns dos nomes que têm mobilizado o eleitorado com arrecadação virtual.

A Democratize, rede de contabilidade eleitoral regulamentada pelo TSE e escolhida por Chiquinho Assis, faz parte das 15 empresas habilitadas pela Justiça Eleitoral. A Democratize contabiliza ao todo R$ 1,3 milhão em mais de sete mil doações com 730 pré-candidatos cadastrados.

O segundo nome que mais fez sucesso nesta rede é o pré-candidato a deputado distrital Marivaldo Pereira (PSOL-DF), que soma R$ 59.674,19 em 175 doações. Pereira tem mais de sete mil seguidores no Instagram e mobilizou mais de R$100 mil quando concorreu ao Senado em 2018. Chiquinho Assis conta com 2.153 seguidores nessa rede social.

Esta será a terceira eleição em que o financiamento coletivo (crowdfunding) poderá ser usado como forma de arrecadar recursos para as campanhas. É também o pleito que terá o maior fundo eleitoral destinado aos partidos: R$ 4,9 bilhões — em 2020, foi de R$ 2 bilhões. Caso o pré-candidato não tenha a candidatura oficializada, o dinheiro deve ser devolvido.

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