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Exemplar do Livro Negro da Ditadura Militar (1972)

Exemplar do Livro Negro da Ditadura Militar (1972)

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Raríssima obra escrita e distribuída clandestinamente durante a Ditadura Militar no Brasil, para denunciar as atrocidades do regime.

Livro clandestino escrito pela "ação popular marxista-leninista do Brasil". 200 páginas. Em português. 13,8 cm x 17,4 cm. Brasil, julho de 1972. Bom estado, exceto a capa solta e a contracapa rasgada, ambas bastante danificadas.

Reeditado em 2014 para o cinquentenário do golpe de 1964, o Livro Negro da ditadura militar é um documento histórico pioneiro nas denúncias de repressão e tortura promovidas pela ditadura contra seus opositores, do golpe a julho de 1972, quando a obra foi editada pela primeira vez na gráfica clandestina da Ação Popular Marxista-Leninista (APML) (...). Ela resulta do esforço coletivo de militantes que arriscavam a pele ao divulgar as atrocidades do regime.

Estiveram diretamente envolvidos : Carlos Azevedo, Bernardo Joffily e Jô Moraes (principais responsáveis pela redação), José Ricardo Junqueira, Divo e Raquel Guisoni (encarregados da impressão), Márcio Bueno Ferreira (digitação), Renato Rabelo e Duarte Pereira (supervisão). Este último coordenou o projeto da APML, que envolveu ainda a participação de outros militantes, como Aldo Arantes, Narciso Kalili e Elifas Andreato, autor da capa com a imagem do crânio de uma caveira com um quepe do exército.

O livro traz informações sobre a luta contra a ditadura promovida por estudantes, intelectuais, religiosos, operários e camponeses, abordando episódios como a “sexta-feira sangrenta”, greves operárias e manifestações no campo, destacando a repressão aos opositores do regime e denunciando vários casos de tortura e assassinato por parte de agentes do Estado, muitos deles citados nominalmente, com elementos de prova para incriminá-los. A obra apresentou uma primeira lista, assumidamente ainda incompleta, dos “principais assassinos e torturadores de presos políticos” (p.179-184). Trechos de depoimentos contundentes de punidos pelo regime foram reproduzidos, assim como de outros documentos de rara divulgação, caso do poema de um cantador do vale do Pindaré, no Maranhão, dedicado às lutas do líder camponês Manoel da Conceição.

É certo que os temas tratados com pioneirismo e audácia pelo livro, no calor dos acontecimentos, foram desvendados com mais detalhes posteriormente por pesquisas que contaram com condições muito melhores de realização, mas isso não tira o interesse na síntese pioneira, que destacou, por exemplo, a existência de centros de tortura e repressão clandestinos dentro da própria legalidade precária do regime, muitas vezes localizados em chácaras, algo que hoje vem à luz cada vez com mais detalhes nos trabalhos da Comissão da Verdade, que descobre novos casos de imóveis secretamente dedicados à repressão e extermínio de opositores.

As letras espremidas que saíram de máquina de escrever, alguns errinhos e irregularidades de datilografia, o formato da capa e outros detalhes dão ao leitor a sensação de voltar no tempo e compartilhar com os autores as dificuldades e o capricho do seu trabalho artesanal, bem como a atmosfera de indignação contra a ditadura e seu aparelho repressivo. Também foi feliz a decisão de anexar um encarte que explica como o livro foi produzido em 1972, no período mais pesado de repressão, trazendo breves depoimentos dos principais envolvidos nessa versão original.

O texto descritivo acima é de Marcelo Ridenti, livre-docente em Sociologia pela Unicamp, professor de Sociologia no IFCH/Unicamp, Campinas/SP, Brasil.

Esse livro histórico foi impresso em apenas 500 exemplares, que foram distribuídos no Brasil e no exterior, pouquíssimos exemplares chegaram até nós, mais de 50 anos depois do golpe militar.

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