Blog do Mauro Ferreira

Por Mauro Ferreira

Jornalista carioca que escreve sobre música desde 1987, com passagens em 'O Globo' e 'Bizz'. Faz um guia para todas as tribos

G1

No embalo do sucesso de grupos vocais como Os Cariocas (cuja carreira, iniciada nos anos 1940, ganhou vigor adicional com a adesão ao cancioneiro da Bossa Nova) e MPB4, outros similares grupos vocais foram formados na cidade do Rio de Janeiro (RJ) na década de 1960.

Foi nesse contexto que surgiu o Quarteto 004, integrado pelos cantores Eduardo Athayde, João Felipe, Luiz Carlos e Luiz Roberto. A primeira voz é a de Luiz Roberto, irmão de João Felipe, segunda voz do grupo.

Atuante na segunda metade da década de 1960, em associação com artistas projetados na plataforma dos festivais, o Quarteto 004 gravou compactos, participou de discos de nomes da então emergente MPB – como os futuros parceiros Chico Buarque e Edu Lobo – e legou um único álbum cuja arte da capa foi assinada por Millôr Fernandes (1923 – 2012).

É este disco, Retrato em branco e preto, que está sendo editado pela primeira vez em CD pelo selo Discobertas.

Lançado em 1968 pelo selo Ritmos / Codil, o álbum Retrato em branco e preto foi batizado com o nome da então recente primeira parceria de Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994) com Chico Buarque.

Jobim, aliás, participa de nada menos do que quatro das 12 faixas do álbum. Duas dessas quatro faixas – Canção do encontro (Luiz Bonfá e Maria Helena Toledo, 1965), regida pelo maestro, e a música-título Retrato em branco e preto (Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque, 1968) – também foram lançadas em compacto assinado por Jobim com o Quarteto 004.

Já soberano naquela época, o maestro ainda canta na gravação de Wave (Antonio Carlos Jobim, 1967) e figura com Toquinho no samba Bom tempo (Chico Buarque, 1968).

Capa do álbum 'Retrato em branco e preto', do Quarteto 004 — Foto: Arte de Millôr Fernandes

Com nomes como Erlon Chaves (1933 – 1974) e Eumir Deodato, a estrelada ficha técnica do álbum Retrato em branco e preto inclui também Roberto Menescal, cujo violão é ouvido no samba Moça, parceria de Luiz Roberto com Vinicius de Moraes (1913 – 1980).

Turbinada com quatro faixas-bônus extraídas de compactos, a edição em CD do álbum Retrato em branco e preto traz, entre essas gravações adicionais, um registro do então novo samba Lapinha (Baden Powell e Paulo César Pinheiro, 1968) que reúne o Quarteto 004 com o recorrente Antonio Carlos Jobim.

Ao longo das 16 faixas (as 12 oficiais e as quatro postas como bônus), o Quarteto 004 tenta emular a bossa d'Os Cariocas, mixada com a assinatura vocal do MPB4, nítida no passo da Dança da rosa (Chico Maranhão, 1968), música gravada pelo grupo com o toque da Traditional Jazz Band.

Identidade vocal à parte, vale a pena correr atrás de uma das 300 cópias da tiragem única da edição em CD do álbum Retrato em branco e preto, cuja contracapa original trouxe texto avalizador do soberano Jobim.

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