André Midani com Gilberto Gil e Caetano Veloso — Foto: Dan Behr / Divulgação GNT
Ao dirigir a filial brasileira da gravadora Phonogram / Philips, de 1967 a 1975, o executivo André Midani (1932 – 2019) – morto na noite de ontem, aos 86 anos – fez história ao impulsionar a carreira de grandes nomes da MPB. E depois, na primeira metade dos anos 1980, continuou fazendo história na música do Brasil ao lançar grandes bandas de rock quando comandava a gravadora WEA. Eis uma lista de 15 artistas brasileiros que, sem Midani, talvez tivessem perdido o rumo fonográfico.
♪ Jorge Ben Jor
Após causar sensação ao surgir em 1963 com um samba esquema novo, cheio de bossa e soul, o cantor e compositor carioca viu a carreira perder fôlego. Foi Midani quem o trouxe de volta para a Philips, em 1969, ano em que Ben Jor voltou com força às paradas nacionais a reboque de álbum repleto de sucessos como País tropical.
♪ Tim Maia (1942 – 1998)
O Síndico bateu cabeça - às vezes literalmente – por outras gravadoras até ter a porta do sucesso aberta por Midani na Philips. Avalizado por Elis Regina, Tim estourou em 1970 com um retumbante primeiro álbum que trouxe hits como Azul da cor do mar e Primavera.
♪ Luiz Melodia (1951 – 2017)
Apresentado como compositor na voz de Gal Costa em show de 1971, o artista foi contratado por Midani e, em 1973, lançou um decisivo primeiro álbum, Pérola negra, que mostrou que um negro vindo do morro não tinha necessariamente que cantar (somente) samba.
♪ Raul Seixas (1945 – 1989)
O artista baiano já tinha lançado álbum com o grupo Os Panteras e até feito disco de covers do rock'n'roll sem levar crédito. Mas foi ao se apresentar como Raul Seixas, em 1973, com um álbum que deu sotaque brasileiro ao rock, que o cantor ganhou fama e prestígio.
♪ Chico Buarque
Projetado nacionalmente como compositor em 1966, Chico Buarque virou rápida unanimidade e lançou três álbuns pela gravadora nacional RGE que confirmaram o talento singular. Mas foi na Philips, gravadora para onde foi levado por Midani, que Chico construiu a parte mais relevante da sólida obra com série de discos que ergueram a voz do cantor contra a ditadura.
♪ Elis Regina (1945 – 1982)
A cantora chegou na Philips em 1965, antes de Midani, mas o executivo teve papel determinante no desenvolvimento da carreira de Elis, dando aval à gravação de antológicos discos produzidos por Nelson Motta, Roberto Menescal e César Camargo Mariano.
Elis Regina canta "Como nossos pais" em apresentação emocionante
♪ Erasmo Carlos
O Tremendão estava sentado à beira do caminho, perdido após o fim da Jovem Guarda, quando Midani o levou para a Philips, gravadora onde Erasmo expandiu o universo musical da obra autoral com cultuados álbuns lançados na primeira metade dos anos 1970.
♪ Caetano Veloso
O artista baiano entrou na Philips por intermédio de João Araújo (1935 – 2013), outro importante executivo da indústria fonográfica do Brasil, mas foi com Midani no comando da gravadora que Caetano recebeu o devido estímulo para o desenvolvimento da carreira, sobretudo no período em que amargou forçado exílio em Londres.
♪ Gilberto Gil
Midani também manteve Gil produtivo quando o artista se exilou em Londres com Caetano. Ao bancar os discos destes dois artistas vistos como inimigos pelo governo ditatorial do Brasil na época, o executivo comprou a briga da liberdade artística e impulsionou duas obras fundamentais na música brasileira. Gil seguiu trabalhando com Midani quando o executivo se transferiu para a Warner.
♪ Nara Leão (1942 – 1989)
A cantora consolidou a carreira antes da entrada de Midani na Philips, em 1967, mas foi Midani quem promoveu a reconciliação de Nara com a Bossa Nova ao propor em 1971 a gravação em Paris de antologia do gênero. O disco duplo foi feito com produção de Roberto Menescal.
♪ Titãs
Não foi Midani quem descobriu os Titãs, mas ele avalizou a contratação do grupo pela gravadora WEA e, com tal ação, ajudou a abrir mercado para o rock no Brasil e lançou uma das bandas brasileiras mais importantes no gênero.
♪ Lulu Santos
O cantor já vinha tentando fazer sucesso desde meados dos anos 1970. Integrou o grupo Vímana e gravou compacto em 1980 com o nome de Luiz Maurício, mas foi como Lulu Santos que despontou para o sucesso a partir de 1981 como contratado da WEA, gravadora comandada por Midani.
♪ Kid Abelha
Representante da vertente mais pop do rock brasileiro, o grupo de Paula Toller também teve avalizada por Midani a contratação pela WEA, numa amostra de que o executivo tinha faro e sabia investir nas ideias alheias que lhe eram propostas por Liminha e Pena Schmidt.
♪ Ultraje a Rigor
Outro grupo de rock brasileiro que também conquistou o Brasil ao ser contratado pela Warner com o aval de Midani, o que deu cara jovem e pop à gravadora que se instalara no Brasil em 1976.
♪ Ira!
Mais uma banda jovem, ainda desconhecida, que chegou ao sucesso na WEA, mostrando a capacidade de André Midani de apostar no novo e, por isso mesmo, de fazer história na música do Brasil.